Quando a pena de um vira castigo pra toda a família: o caso de Carla Zambelli
- Viviane Araújo
- 5 de jun.
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de jun.
O que está acontecendo no Brasil precisa ser dito com clareza e coragem. A deputada federal Carla Zambelli foi condenada a 10 anos de prisão pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF. Mesmo sendo um processo cheio de questionamentos, ainda assim, trata-se de uma pena aplicada a ela.
Mas o que veio depois ultrapassa todos os limites do razoável.
Além da prisão e do bloqueio das redes sociais da deputada, o ministro decidiu estender a punição também para a mãe de Carla, Dona Rita Zambelli, e para seu filho, João Zambelli.
Isso mesmo: mãe e filho proibidos de usar redes sociais, como se tivessem cometido algum crime.
E é aí que começa o perigo.
Se hoje um simples grau de parentesco já é motivo para perder o direito de se expressar online, o que impede que amanhã essa punição vire prisão domiciliar e até detenção?
Será que estamos abrindo caminho para prisões por parentesco, como se vivêssemos num regime totalitário?
A Constituição Federal é muito clara. No Art. 5º, inciso XLV, diz:
“Nenhuma pena passará da pessoa do condenado.”
Ou seja, só quem cometeu um crime pode ser punido. Mas o que estamos vendo agora é uma distorção perigosa: a Justiça está estendendo a pena de forma emocional, subjetiva, e pior — sem processo, sem defesa, sem julgamento.
Dona Rita não empunhou arma nenhuma. João não publicou vídeo algum. Eles não foram citados no processo, não tiveram direito de se defender. Mesmo assim, foram silenciados.
E se isso acontece agora com uma deputada federal e sua família, o que nos garante que amanhã não possa acontecer com qualquer cidadão comum?
Essa prática não é só ilegal — é desumana. É injusta. É cruel.
Hoje são as redes sociais. Amanhã, pode ser a liberdade. Pode ser uma tornozeleira. Pode ser uma cela.
Não se trata de defender Carla Zambelli ou qualquer político.
Trata-se de defender a Justiça e o direito de cada cidadão de ser julgado individualmente, com base na lei, e não por associação.
O Brasil precisa acordar. Porque quando a injustiça bate na porta de um, ela ameaça entrar na casa de todos.
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Edição e postagem:Viviane Araújo.
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